Defesa põe “manto da Justiça” em réu, fala para juradas e questiona promotora

A advogada Talita Dourado defende a tese de que Tamerson não cometeu feminicídio

| LUCIA MOREL E ANA BEATRIZ RODRIGUES / CAMPO GRANDE NEWS


Defesa de Tamerson Ribeiro Lima de Souza, réu por matar a ex-companheira Natalin Nara Garcia de Freitas Mara, em fevereiro de 2022, sentou frente à frente aos jurados nesta tarde para falar “de mulher para mulher'. A advogada Talita Dourado defende a tese de que Tamerson não cometeu feminicídio e falou para seis mulheres e um homem que são o corpo do júri.

Antes disso, ela tirou a própria beca, usual em tribunais do júri e colocou sobre o réu, dizendo que ele estaria então “coberto pela Justiça'. Depois, entretanto, citou diretamente a promotora do caso, Luciana do Amaral, que atua na acusação, ao dizer que em sua casa deveria ser normal atritos entre homens e mulheres.

“Sou uma mulher cristã. Minha mãe está aqui e ela me criou dentro da igreja e ensinou como uma mulher deve tratar um homem e como um homem deve tratar uma mulher. Nunca vi na minha casa, minha mãe alterar a voz para meu pai ou meu pai levantar a voz pra minha mãe. Acredito que na casa do senhor e das senhoras também seja assim. Não sei como é na casa da promotora, mas pelo que estou vendo, pra ela é normal', afirmou.

A advogada continuou citando fala da promotora durante o júri, em que esta atribuiu comportamento violento como sendo comum aos homens ao falar sobre o réu que “ele é homem, bate mesmo'.

Em seguida, Amaral pediu para responder e afirmou que que em sua casa a lei é respeitada. “Na minha casa nunca existiu violência e está sempre aberta, inclusive para advogados, aqui estão presentes alguns que já frequentaram. E na lei de Deus, que é a lei maior, o primeiro mandamento é não matarás. A mulher tem que tratar bem o marido e marido tem que tratar bem a mulher', sustentou.

Tamerson, ex-militar da Aeronáutica, já havia sentado no banco dos réus do Tribunal do Júri. Em 25 de novembro de 2022 ele foi condenado a 23 anos e 4 meses de reclusão, mas o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) apelou pela anulação integral do julgamento para submissão do réu a novo júri, uma vez que os jurados não consideraram o caso como um feminicídio durante a decisão da pena. O pedido foi acatado e novo júri ocorreu hoje.

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