Não vamos voar mais do que necessário, diz executivo da Azul

Ao divulgar resultados de 2019, companhia anunciou redução de 30% nos voos internacionais em meio à pandemia de coronavírus

| INFORMATIVOMS / EXAME


A companhia aérea Azul vive um dia de dois opostos nesta quinta-feira, 11. Embora a companhia tenha divulgado bons resultados referentes ao quarto trimestre e o ano de 2019 pela manhã, a ação da Azul caía 30,25% às 13h24. É um dos papéis que mais recuam neste pregão.

O motivo é que a Azul informou em conferência com analistas que vai reduzir em 30% seu fluxo de voos internacionais, em meio à pandemia de coronavírus que já chegou a mais de 120.000 casos no mundo.

À EXAME, a Azul já havia informado na quarta-feira, 10, antes dos resultados, que estava analisando de perto a situação do coronavírus e poderia cancelar novos voos. Dentre as rotas que a empresa já informou que irá cancelar ou alterar estão os voos para Porto e Lisboa, em Portugal. Os voos para Orlando, que hoje saem sete vezes por semana, terão frequência reduzida. Os voos para a Argentina também serão alterados, segundo informou a empresa na coletiva.

“Vamos combinar capacidade com demanda”, disse o fundador David Neeleman. “Não sinto nenhuma bravura […] para voar mais do que é necessário.”

A concorrente Latam também anunciou nesta quinta-feira redução de 30% em seus voos internacionais devido à baixa demanda. A Latam é a que mais faz voos internacionais no Brasil. No acumulado de 2019, a Latam teve 69,3% de participação de mercado nos voos internacionais a partir do Brasil, segundo dados consolidados pela Anac.

Por ser a empresa brasileira com mais rotas dentro do país, a Azul afirma que sua receita está menos exposta aos problemas do exterior com o coronavírus. A participação de mercado da Azul nos voos nacionais foi de 18,6% em 2018 para 23,6% no acumulado entre janeiro e dezembro de 2019. A Gol lidera o mercado doméstico com 37,7% do setor, seguida pela Latam, com 34,7%.

A Azul teve em 2019 um de seus melhores anos. A empresa divulgou lucro de 823,7 milhões em 2019, revertendo prejuízo de 2018. O faturamento subiu 26%, para 10,9 bilhões de reais.

Além de novas rotas inauguradas no exterior, a empresa expandiu sobremaneira sua participação no mercado doméstico ao herdar parte do mercado que era da Avianca, que parou de operar em maio em meio à recuperação judicial. A Azul também estreou na ponte aérea Rio-São Paulo, após ter ficado com parte dos slots (horários de pouso e decolagem) da Avianca no requisitado aeroporto de Congonhas.

O presidente da Azul, John Rodgerson, acredita que um dos fatores que mais prejudicam as companhias aéreas no Brasil é a alta do dólar, e não necessariamente o coronavírus. A moeda americana vem batendo recordes sucessivos em 2020, tendo chegado a 5 reais pela primeira vez na história nesta quinta-feira, 11. As aéreas são prejudicadas com a alta do dólar porque boa parte de seus gastos está na moeda, como combustível e aeronaves. A moeda americana alta também desestimula os passageiros a buscarem viagens muito caras.

A Azul não é a única aérea a sofrer com o coronavírus. Até o pregão de terça-feira, 10, a ação da Gol havia caído 65% no acumulado de 2020. As ações da Azul caíram 58% e as da Latam, 47%.

Em meio ao derretimento das ações, a Azul disse que não é a primeira vez que enfrenta crises e mostrou uma apresentação específica que acompanha a evolução de sua margem e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) durante crises anteriores no Brasil, como o ano de recessão em 2016 e a greve dos caminhoneiros e eleições em 2018. Entre 2016 e 2018, o Ebitda da Azul foi de 1,8 bilhão de reais para 3,6 bilhões de reais. A margem Ebitda foi de 26,9% para 31,7% no período.

Os executivos da Azul afirmaram ainda que a empresa tem posição sólida em caixa para lidar com a crise que assola o setor aéreo em meio ao coronavírus. A empresa apresentou no balanço que tem 1,6 bilhões de reais em dinheiro, por exemplo, e liquidez que passa de 4 bilhões de reais com todos os ativos.

“Nós acreditamos na estratégia de longo prazo da Azul e que vamos passar por isso”, disse Rodgerson. “Em seis meses esse terá sido uma ótima hora para comprar ações da Azul, porque a Azul está indo longe”.



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