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Ministros anunciam investimento saudita de até US$ 10 bilhões no Brasil; Bolsonaro evita jornalistas
| INFORMATIVOMS / BBC NEWS BRASIL
Os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disseram nesta terça-feira (29/10) que o fundo soberano saudita, o Fundo de Investimento Público (PIF), decidiu 'investir por conta de 10 bilhões de dólares no Brasil'. Os ministros acompanham o presidente Jair Bolsonaro em viagem oficial à Arábia Saudita.
No entanto, nenhum investimento específico foi anunciado, nem foram definidas datas para o início da chegada do dinheiro.
Segundo Araújo, os setores nos quais os investimentos serão feitos serão 'decididos em comum acordo'.
De acordo com Lorenzoni, o PIF já investiu em cinco países (EUA, Japão, França, África do Sul e Rússia) – o Brasil seria o sexto, e receberia o mesmo volume de investimentos feitos na Rússia.
Será criado um conselho para definir quais áreas serão beneficiadas, afirmou o ministro. 'Imediatamente ao chegar ao Brasil vamos organizar o conselho.'
O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), acrescentou, terá ao longo do ano que vem uma grande quantidade de ofertas, incluindo as áreas de óleo e gás, portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.
Ele disse também que há um 'grande possibilidade de investimento' na ferrovia Ferrogrão, do Mato Grosso ao Pará.
O presidente falou diversas vezes com a imprensa durante a viagem à Ásia – chegou a dar cinco entrevistas coletivas em um só dia. O principal anúncio até agora, no entanto, acabou sendo feito pelos dois ministros.
Bolsonaro, em meio a polêmica sobre um vídeo divulgado por ele, se absteve de falar com os jornalistas nesta terça-feira, pela primeira vez desde o inicio da viagem, após ser questionado sobre as criticas feitas pelo ministro Celso de Mello.
A declaração do decano do STF se referia a um vídeo publicado no perfil pessoal do presidente no Twitter que mostrava um leão associado ao nome do presidente e um grupo de hienas associadas ao STF, a jornais e televisões, órgãos como a ONU, a OAB e a CUT, e partidos como o PT, PSDB e o PSL, que vive um racha com o presidente, eleito pela sigla. O vídeo foi apagado em seguida.
'Torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara, ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma 'hiena' culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores', disse Celso de Mello, em nota.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente pediu desculpas pelo vídeo.
Em sua visita, Bolsonaro esteve pelo menos duas vezes com o príncipe Mohammed bin Salman, herdeiro do trono do Reino da Arábia Saudita.
Segundo o governo brasileiro, foram discutidas nos encontros perspectivas para o fortalecimento de investimentos bilaterais entre os dois países.
Na declaração conjunta sobre parceria estratégica para investimentos, o Brasil anunciou que o PIF saudita concordou em explorar 'potenciais oportunidades de investimentos mutuamente benéficos' que poderão chegar ao valor de 'até US$ 10 bilhões'.
Segundo a declaração, o Brasil concordou em fazer uma parceria com o PIF para viabilizar a iniciativa, incluindo o 'esclarecimento acerca do marco legal e institucional mais apropriado para investimentos na economia brasileira'.
No encontro com príncipe, diz o governo brasileiro, Bolsonaro falou em potenciais 'oportunidades para investimentos expressivos e com retornos de grande atratividade para o mercado' que fariam parte do Programa de Parcerias de Investimentos.
Segundo Ernesto Araújo, o CEO do banco Goldman Sachs, em audiência com Bolsonaro nesta terça-feira, disse que 'Brasil e Arábia Saudita são os certamente os dois países mais dinâmicos para receber investimentos'.
Brasil e Arábia Saudita também vão anunciar, segundo os ministros, um acordo recíproco para simplificar o acesso a vistos de turismo e negócios.
Atualmente válidos por até um ano, eles terão validade máxima de cinco anos, se o acordo for de fato concretizado. Também serão possíveis múltiplas entradas, algo hoje vedado dos dois lados. O custo, hoje superior a mil dólares, deve cair para 80 dólares, segundo o Itamaraty.