Em meio a surto de doenças, ministério quer reduzir em R$ 393 mi gastos com vacinas - Saúde - Estadão

Proposta de corte está no projeto de lei orçamentária enviado pelo governo federal ao Congresso no fim de agosto. Pasta assegura que não faltará recurso para aquisição de imunizantes

| INFORMATIVOMS / ESTADãO


SÃO PAULO - Em meio a um surto de sarampo e com a previsão de alta nos casos de febre amarela no próximo verão, o Ministério da Saúde deverá reduzir em R$ 393,7 milhões as despesas com compra e distribuição de vacinas em 2020. A proposta de corte está no projeto de lei orçamentária enviado pelo governo federal ao Congresso no fim de agosto. O documento, que detalha como a União pretende utilizar os recursos disponíveis no ano que vem, ainda precisa ser aprovado pelo Legislativo.

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De acordo com o projeto, o governo pretende gastar cerca de R$ 4,9 bilhões no ano que vem com 'aquisição e distribuição de imunobiológicos para prevenção e controle de doenças'.

O valor é 7% menor do que o previsto para esse ano (R$ 5,3 bilhões). Do montante estimado para 2020, cerca de R$ 1,4 bilhão ainda terá liberação condicionada à aprovação legislativa extraordinária. O governo federal compra os imunizantes de laboratórios públicos e privados, a depender do tipo de vacina e da demanda.

Questionado sobre a proposta de redução no valor destinado à compra de imunizantes, o Ministério da Saúde assegurou 'que não faltarão recursos para a aquisição de vacinas' e destacou que o orçamento total da pasta será de R$ 134,8 bilhões. Esse montante é R$ 5,2 bilhões superior à proposta de 2019, o que, segundo o ministério, 'demonstra, dentro de um projeto de austeridade fiscal, a prioridade para a área da saúde'.

O órgão declarou ainda estar 'ampliando as aquisições e recompondo os estoques com preços mais baixos dos que inicialmente estavam previstos', o que justificaria um orçamento mais baixo para 2020.

A pasta citou o caso da vacina Meningocócica ACWY, cujo valor total da compra, após negociação, caiu de R$ 123 milhões para R$ 87 milhões, com aumento de doses adquiridas de 3,6 milhões para 4,5 milhões. O ministério não divulgou outros casos de aquisições de vacinas em que o preço inicial foi reduzido.

No total, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) possui cerca de 30 tipos de vacinas ofertadas gratuitamente para a população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos anos, o País registra uma queda nas taxas de cobertura vacinal, o que levou à ocorrência de um surto de sarampo com mais de 3 mil casos confirmados e levantou o alerta para o possível retorno de outras doenças controladas, como caxumba, difteria e coqueluche.

O surto de sarampo, que afeta sobretudo os municípios paulistas, já tem feito com que algumas prefeituras registrem falta do imunizante.

De acordo com o ministério, o plano para 2020, mesmo com verba menor, é 'repor os estoques estratégicos nacionais para dar maior sustentabilidade ao Programa Nacional de Imunização e regularidade a distribuição de vacinas para a rede pública, ao contrário do que vinha ocorrendo em gestões anteriores'.

Também questionado sobre a redução das despesas para a compra de vacinas, o Ministério da Economia informou que 'cabe ao Ministério da Economia informar aos órgãos setoriais o valor do orçamento previsto para o próximo ano, sendo o órgão setorial (neste caso, o Ministério da Saúde) autônomo e responsável pela distribuição interna desses recursos.'



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