UFGD encolhe! Em um ano Universidade perdeu 1309 alunos

40 vagas do curso de Medicina são cortados. Desde março de 2019, a UFGD é administrada por um reitor pro tempore

| INFORMATIVOMS / FOLHA DE DOURADOS


divulgação

É a primeira vez que se observa o encolhimento da Universidade Federal da Grande Dourados desde sua fundação

A decisão de reduzir o número de vagas disponíveis para o curso de Medicina da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) foi tomada no último dia 26 de agosto, durante a reunião do Conselho Universitário. No encontro, ficou evidente o desconforto dos diretores das unidades ao apontarem que esses cortes seriam os primeiros de muitos que poderão ocorrer devido a um calendário acadêmico mal planejado e à péssima gestão da atual reitoria pro tempore.

Desde março de 2019, a UFGD é administrada por um reitor pro tempore, fruto de uma intervenção do governo federal. Agora, com mais de dois anos sob intervenção, a Universidade começa apresentar sinais de encolhimento no número de acesso de alunos, em seu orçamento e em suas ofertas de vagas.

Dados obtidos pelo Portal da Transparência do governo federal e pelo ministério da economia já mostram uma redução significativa de estudantes matriculados na Instituição. Em 2020, a Universidade apresentava 9.184 alunos matriculados. Já, em 2021, foram realizadas apenas 7.875 matrículas, indicando uma redução de 1.309, ou mais de 14%. Esse número é bem diferente do que foi planejado pelo Projeto de Desenvolvimento Institucional (PDI), da UFGD, que projetava para este ano um total de 19.538 discentes matriculados.

O agravante de 2021 é que a UFGD sofre com cortes de recursos e com o congelamento de verbas discricionárias da pasta “Educação” do governo federal. O impacto na Lei Orçamentária Anual (LOA), na Instituição, atinge R$ 123 milhões, uma redução de 44% se comparado com o ano anterior. Diante disso, a verba destinada para a Assistência Estudantil teve uma redução da ordem de R$ 2,08 milhões. Inclusive, os parlamentares que apoiaram a intervenção parecem ter esquecido a UFGD, pois, até então, não houve nenhum repasse de recursos para a Instituição.

Vale destacar que, com a falta de recursos, a Universidade pode apresentar dificuldades na manutenção de sua infraestrutura, na contratação de professores e até no retorno presencial neste e no próximo ano. Frente ao contexto atual e perante as decisões monocráticas e desastrosas da gestão pro tempore relacionadas ao calendário acadêmico, a UFGD parece ter sido forçada a instituir um corte de 40 vagas do curso de Medicina da Faculdade de Ciência e Saúde (FCS), que seriam ofertadas no Processo Seletivo – Vestibular (PSV-2022) e pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu-2022).

A FCS alega que não conseguirá atender as 80 vagas previstas para o próximo ano, principalmente, devido ao represamento de matrículas de 2021 e ao fato de que não há professores suficientes para atender a essa demanda. Devido a esse impasse, a reitoria pro tempore não apresentou nenhuma alternativa para evitar esse desastre na Universidade. Tal redução de 40 vagas impactará os 6 anos do curso de Medicina e, por conta disso, a UFGD falha em seu papel com a sociedade, uma vez que visa formar profissionais com sólidos conhecimentos técnico-científicos fundados sobre bases humanistas, com postura ética, consciência e responsabilidade social e compromisso com a cidadania. Aliás, a limitação no número de acadêmicos ocorre no pior momento vivenciado pelo Brasil, com a falta de médicos em hospitais públicos e particulares, bem como no atendimento a milhares de brasileiros sequelados pela Covid-19.

A UFGD tem um impacto significativo na cultura, na educação e na economia douradense e seu encolhimento parece inevitável com os rumos impostos pela atual gestão, devido aos recorrentes cortes de verbas, a redução de alunos e, agora, os cortes de vagas em seus cursos.

Veja o vídeo da reunião onde decidiram por retirar 40 vagas da medicina:



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