Senado contraria STF e aprova marco temporal para terras indígenas

Senado contraria STF e aprova marco temporal para terras indígenas

| INFORMATIVOMS / DOURADOS INFORMA - RICHELIEU DE CARLO


Soraya Thronicke (Podemos) e Tereza Cristina (PP) votaram a favor da proposta. (Foto: Divulgação)

O Senado aprovou nesta quarta-feira (27), por 43 votos a 21, o projeto que estabelece um marco temporal para demarcação de terras indígenas. Soraya Thronicke (Podemos) e Tereza Cristina (PP) votaram a favor da proposta. Nelsinho Trad (PSD) não votou. A medida seguirá para sanção do presidente Lula (PT).

Relatora na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, Soraya Thronicke manteve o texto aprovado pelos deputados, que estabelece o marco temporal em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição. Como regra geral, o projeto determina que apenas as áreas ocupadas ou em disputa nessa data podem ser demarcadas para os povos indígenas. O movimento liderado pela bancada ruralista contraria decisão do Supremo Tribunal Federal concluída hoje, que definiu a tese do marco como ilegal.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), declarou que a votação do texto pelo Senado não representa um “enfrentamento' ao tribunal e classificou o gesto do Congresso como “muito natural'. Segundo o parlamentar, este tipo de tema deve ser tratado pelo parlamento.

A votação no Senado foi relâmpago. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou o texto no início da tarde. O projeto não estava na pauta do plenário. Mas a urgência da matéria foi o primeiro pedido a ser analisado. Logo em seguida, o conteúdo da proposta foi aprovado.

Diante da contradição entre Congresso e STF, pode haver judicialização do tema. Os ministros do tribunal definiram que não é válido usar a data da promulgação da Constituição como um critério para a definição da posse indígena.

Como o projeto foi aprovado depois e como uma lei comum, partidos políticos poderão contestá-lo por ser inconstitucional e provocar o tribunal a debater novamente o marco temporal. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, há 226 processos aguardando um desfecho do caso. A decisão do STF também poderá balizar a atuação do Poder Executivo na demarcação.



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