Mercedes abre 2º turno de produção de ônibus na fábrica do ABC Paulista

Retomada do mercado de veículos comerciais impulsionou decisão; desde 2018, companhia contratou cerca de 800 funcionários para a planta de São Bernardo

| EXAME / JULIANA ESTIGARRIBIA


Linha de produção da Mercedes em São Bernardo do Campo: empresa abrirá segundo turno (Mercedes-Benz/Divulgação)

A Mercedes-Benz está vivendo um bom momento no setor de veículos comerciais. A montadora anunciou nesta terça-feira, 27, a abertura do segundo turno de produção de ônibus em São Bernardo do Campo, São Paulo, diante dos maiores volumes de vendas. Além disso, a empresa acaba de fechar um contrato para entregar 500 caminhões para a gigante de bebidas Ambev.

“O mercado de veículos comerciais mostra reação depois da profunda crise que passamos nos últimos anos. Estamos otimistas”, afirma Philipp Schiemer, presidente da Mercedes do Brasil e CEO América Latina.

A companhia fechou um contrato para a venda de 1600 ônibus para a prefeitura de São Paulo, o maior lote vendido para operadoras da capital.  Agora, o complexo do ABC Paulista opera em dois turnos tanto em caminhões quanto em ônibus, o que não acontecia há três anos. No segmento de agregados (que inclui a produção de motores), a montadora está trabalhando em três turnos.

A decisão ajuda a reduzir a ociosidade da fábrica, que ainda permanece alta, em torno de 40%. No auge da crise do setor, entre 2014 e 2016, as montadoras de veículos comerciais chegaram a amargar 70% de linhas ociosas.

Desde o ano passado, a Mercedes contratou 1400 funcionários, sendo cerca de 800 para a fábrica de São Bernardo e o restante para a planta de Juiz de Fora, Minas Gerais. A companhia também está concluindo um ciclo de investimentos de 1,4 bilhão de reais para lançar a nova linha de produtos em 2020, dentro do programa de aportes de 2,4 bilhões de reais de 2018 a 2022.

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No entanto, o executivo aponta o cenário internacional como o principal risco para os negócios, principalmente a Argentina. “A crise no país vizinho está nos preocupando. A Argentina sempre foi nosso mercado mais importante, mas agora vai cair de novo”, diz Schiemer, acrescentando que a desaceleração da economia mundial também pode impactar o setor.

A montadora produz o utilitário Sprinter na Argentina, que em sua maioria é exportada para o mercado brasileiro.

Mercado doméstico

A Mercedes está trabalhando com uma projeção de 93 mil caminhões para o mercado brasileiro em 2019, sobre 75 mil no ano passado. Segundo Schiemer, a marca está hoje na liderança do mercado, com cerca de 30% de market share.

O cenário, entretanto, se mostra nebuloso. Apesar da Selic em baixa, o que favorece o crédito para a compra de caminhões, Schiemer ressalta que o desemprego continua alto e a confiança do empresário e do consumidor está oscilando. “A velocidade das reformas é muito importante. Um crescimento de 0,8% não é sustentável para o Brasil”, avalia. 



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