Abel vê justiça em classificação do Palmeiras, mas esperava placar maior: "Três ou quatro a zero"

Técnico elogiou a performance do goleiro Jefferson Paulino na vitória por 1 a 0 na semifinal do Paulistão; veja como foi a entrevista do comandante do Verdão no Allianz Parque

| GLOBOESPORTE.COM / THIAGO FERRI


Palmeiras 1 X 0 Ituano - Melhores momentos - Campeonato Paulista

Abel Ferreira considerou justa a classificação do Palmeiras na vitória por 1 a 0 contra o Ituano, neste domingo, no Allianz Parque, e que colocou o Verdão nas finais do Paulistão pelo quarto ano consecutivo (o Verdão agora aguarda o vencedor da outra semifinal, entre Água Santa e Bragantino, nesta segunda-feira, às 21h, na Vila Belmiro).

Na visão do português, porém, o placar da decisão poderia ter sido muito mais elástico não fosse a boa performance do goleiro Jefferson Paulino.

– A equipe esteve concentrada, unida, não deixou o adversário contra-atacar, ter bolas paradas. Fizeram o jogo deles, mas teve um sentido único e um jogador que fez toda a diferença, porque poderia ter sido três ou quatro a zero. Parece que ele (Jefferson) atraía a bola, ia nele. Acabamos conquistando a vaga com justiça – destacou o técnico.

Abel falou bastante sobre o favoritismo da final, já que o Verdão será o único grande na disputa. A decisão será contra Água Santa ou Red Bull Bragantino, que se enfrentam na segunda-feira.

– Parece fácil, né? Agora somos obrigados a ganhar. O Palmeiras vai perder, não sei quando, mas vai perder. Não somos obrigados a ganhar. O que digo é que somos obrigados a deixar tudo em campo, é a única obrigação. É fácil estar sentado aqui e dizer um monte de coisa. Mas o Água Santa passou, o Ituano também. Parece fácil, mas foi difícil, e vocês viram. Precisa de concentração, o mínimo erro. Lembra as provas de Fórmula 1 em Mônaco, em que os pilotos dizem que com um erro, está fora. Hoje era assim, não tem margem. Um erro contra essa equipe e a gente estava fora.

– É preciso treinar de segunda a sexta, todas as semanas, todos os meses, de forma consistente. Se sentarmos às custas do que ganhamos, vamos perder. Não vamos ganhar sempre, só peço que entreguem tudo. Se vamos ganhar, não sei, temos essa intenção, jogamos para ganhar – afirmou.

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O Palmeiras teve uma mudança de planejamento logo no início do jogo, quando Bruno Tabata sentiu dores musculares e pediu para sair. O técnico explicou a escolha por Breno Lopes para entrar:

– Sou eu que os treino, eu que tenho informações que vocês não têm. Já vi Dudu jogar muitas vezes pela direita, o Breno também, assim como na esquerda. Entendi que nesse jogo, e por tudo que o Breno tem feito, um jogador com pouco tempo e muito rendimento, na lesão do Bruno deveríamos passar o Dudu para a direta, para ter a combinação Dudu-Rocha-Menino, que já fizemos várias vezes. Podemos começar com os pontas com os pés trocados e em função do jogo trocar no meio. E dar uma oportunidade a Breno porque merece.

– Nós já temos dois anos e meio de trabalho, temos uma ideia muito sólida de jogo. Essa semana foi longa, todos treinam misturados, não diferencio os titulares, cada um tem uma função, cada função tem uma responsabilidade. Assim como o Mayke jogando na ponta, mesmo sendo um lateral que vai atacar menos que o Dudu e defender mais, ele sabe o que fazer naquela função.

Veja mais trechos da coletiva:

Jogadores nas seleções

– Aqui há um sentimento misto, de alegria e satisfação por ver nossos jogadores valorizados e na Seleção, isso é fruto de um trabalho coletivo da comissão, do estafe, alguns do estafe também foram chamados, como nosso chefe do núcleo de performance. E há o outro lado, que é negativo, não ter eles aqui para seguir aprimorando, perceber que tipo de treino vão ter na Seleção, ou seja, passam de uma semana conosco, controlando o treino, intensidade, e agora sai das nossas mãos, vão para outro contexto. Claro que me preocupa, e vou receber todas as informações do que fizeram nas seleções para quando voltarem poder ajustar rapidamente para estar preparados para a final. Eu gosto, porque valoriza a gente, valoriza os jogadores, que querem ir, valoriza a equipe técnica, o estafe, o clube. Mas eu gostaria de ter eles aqui para treinar. Vamos ter que viver com isso, é fruto do trabalho deles.

Técnico com mais finais pelo clube

– Há pessoas que dizem que não tem que provar mais nada a ninguém. Eu penso o contrário. Penso que tenho que provar todos os dias, que o que eu faço não é suficiente. Nunca estou satisfeito. Sempre acho que tem espaço para melhorar, sempre estou em dúvida se vou ganhar o jogo ou não. Sempre aprendendo com outros treinadores. Tenho minhas inseguranças, tenho de provar constantemente que mereço estar onde estou. Mas isso sou eu, desde pequeno. Ninguém nunca me deu nada, sei de onde vim, que fui jogador por esforço meu. Nunca bati bola com meu pai, nem sei se ele sabe chutar uma bola. Fui o único na família que virou jogador e ninguém mais vai ser. Eu sei o quanto me custou chegar até onde cheguei como jogador e treinador. Não estou satisfeito.

– Sempre digo para os jogadores: se vocês querem dar um passo a frente, querem melhorar seus contratos, continuar no Palmeiras, não podem apoiar as costas quando sentam na cadeira. O que a gente fez, nos dá responsabilidades. Não tenho noção nenhuma da dimensão do que fazemos. Minha preocupação é descansar e trabalhar, é a minha mentalidade. Hoje faleceu uma pessoa portuguesa, um grande empreendedor, grande homem, Rui Nabeiro, que do nada transformou um império. É nisso que acredito, nas pessoas que têm sonhos, trabalham e se dedicam. Eu nunca estou satisfeito, procuro sempre melhorar, sei que não sou o melhor, os adversários estão preparados para nos derrotar. Digo aos jogadores: quando relaxarem, baixarem a guarda, e vai acontecer, não somos invencíveis. Espero só que não aconteça muitas vezes, porque se acontecer, o treinador vai embora, aqui vocês sabem como é, faz parte da minha vida, quando não tiver resultados vou embora.

Números superiores aos de Felipão

– Ele é o terceiro treinador com mais títulos no mundo. Acho que nunca vou chegar ao que ele fez. Às vezes fico chateado com algumas pessoas que não gostam dele. Penso "como é possível não gostar desse homem". Ele é top. Top homem, treinador, pessoa. Entre os brasileiros que gosto mesmo.

Coração quente

– Isso é um mantra que se usa muito no futebol e na vida. Às vezes estamos em casa e temos discussões com nossos pais, filhos, nossa namorada, esposa, é preciso ter cabeça fria, calma, e coração quente, porque amamos a pessoa. Às vezes as emoções tomam conta de nós, não quer dizer que eu seja aquele comportamento, mas naquele contexto, naquele momento. Ontem estava vendo o Alcaraz, entrando sem emoções, sem emoções. Estava falhando no primeiro set e o treinador dizia "sem emoções, sem emoções". É verdade, às vezes elas tomam conta de nós, e nesse nível temos que aprender, é algo que estou fazendo, porque passo isso muito bem para meus jogadores e eu ainda vivo muito como um jogador, e tenho que entender que essa parte tem que ser mais cabeça fria. Coração quente sou há muitos anos.

Música da torcida para ele

– Sobre a canção, sou um deles desde que cheguei. Sou palmeirense desde que cheguei. Sou um treinador de projetos, não de ficar pulando de um time em outro, é meu perfil. Mas a gente sabe como é o futebol, aqui no Brasil, se não ganha... Eu falo para eles, o difícil é ganhar de forma consistente. Se nós pensarmos que o que está para trás vai nos garantir algo, estamos ferrados. Precisamos de mais, fazer melhor. Por isso digo muitas vezes que o lema desse ano é "fazer o mesmo, mas melhor".

Mais sobre as reações da torcida

– É lógico que fico orgulhoso por reconhecerem que eu e meus atletas damos duro para dar alegria aos torcedores. É para isso que trabalhamos, e eu tenho as informações. Mesmo aqueles que eles não gostam tanto, se estão no nosso plantel é porque eu acredito neles e eles são bons. Às vezes precisam de um bocadinho de carinho só. Não é entrar no jogo, falhar no primeiro lance e ser vaiado. Imagina se fosse assim nos vossos trabalhos, todos apontando no primeiro erro que comete. Nossos jogadores são os nossos, são os melhores. Temos que fazer carinho em todos os momentos. Se estão aqui são bons, se não fossem eu trocava. Às vezes é difícil, nossa torcida é exigente, mas estamos aqui para trabalhar, dar alegrias, e modestia à parte, essa turma tem dado muitas alegrias ao torcedor, e vai continuar dando.

Pedido de incentivos aos torcedores

– Fico triste quando vejo nossa torcida ser tão crítica com três ou quatro, sendo que outros jogadores cometem os mesmos erros e não são tão criticados. Eu sei que faz parte, mas o que digo é, quanto mais unidos estivermos, mais temidos nós seremos. Eu sei quanta qualidade eles têm. Mas isso tem que ser virado por eles, como foi o Tabata. Um erro pode virar um aplauso. É como na vida particular, se eu estou na fossa e vem um e me empurra mais? Não, precisa de uma palavra mágica. A gente tem que entender, o torcedor é exigente, e eles têm que superar isso, passar pelo que passou o Rony, o Veiga. Eu já vi vídeos deles sendo criticados, não estava aqui, mas eles conseguiram dar a volta ao contexto. Sofreram, aguentaram e passaram por essas críticas. Estou falando do Rony, Zé, Luan... O futebol é assim, tem que estar preparado, mas ajuda quando vem uma boa palavra de fora.

Mayke

– Ele treina como um leão, é por isso que renovou o contrato, por isso que joga na ponta, na lateral, contamos com ele. Gostamos dele, tem espirito de elenco, ajuda muito os moleques da base, se prestarem atenção, em todas as posições temos jogadores da base.

Segredo do sucesso

– Primeiro, ter homens de caráter, que possa treinar. Segundo, gente de qualidade, qualificada, no grupo. Terceiro, o grupo ter um Norte, saber onde está, onde quer ir, que no caminho terão críticas, mas não desviar um milímetro do que quer. E por isso me identifiquei tanto com o clube. Temos, modéstia à parte, uma comissão técnica competente, um grupo muito bem organizado com ideias muito claras do que quer no presente e no futuro, e temos gente competente em todas as áreas, da psicologia à nutrição, da fisiologia ao núcleo de performance, não é por acaso que um deles foi à Seleção.

– Quando isso tudo se reúne com ambição, fazer o que for preciso para ganhar, os resultados ficam mais próximo. E tem outro segredo, que poucos estão dispostos a fazer, que é o trabalho duro de forma consistente. Se fosse fácil, todos estavam no meu lugar, dos jogadores, do Barros, da Leila. É preciso que todos entendam que é necessário fazer o mesmo, mas melhor. Tudo que fizemos nos dá mais responsabilidade, porque todos estão esperando a gente perder, estão mortinhos, e quando isso acontecer, temos que colocar o peito às balas e segurar. Até lá, vamos fazer o melhor que podemos.

Tabata

– Ele queria continuar, pediu uma pomada, um comprimido, mas eu disse que não, estava fora. Jogador comigo tem que estar a 100%, 70% não dá. Foi muscular, não sei a gravidade. Presumo que, por termos tirado cedo, não seja muito grave. Mas, se for preciso, tem o Rony, tem o Giovani, tem o Mayke, todos podem jogar ali. Não é uma posição que me preocupa muito. Tem ainda os garotos da base que estão integrados, o Kevin e o Luis Guilherme. Temos bons jogadores na ponta. Tabata entrou bem, queria dar continuidade para ele, infelizmente temos que aceitar isso, continuar a recuperação. Felizmente temos um elenco enxuto, que permite que todos tenham ambição de querer jogar, e felizmente temos jogadores que fazem mais de uma posição. Luan pode ser zagueiro ou volante, Mayke pode ser lateral ou ponta. E quando as coisas correm mal e temos essas alterações dizem que estamos inventando, mas fazemos isso nos treinos. Não preciso de 32 jogadores.

Reforços

–Nós acreditamos muito nos jogadores que temos. Se conseguirmos contratar jogadores que podem nos ajudar, sem margem de dúvidas para ninguém, tudo bem. Se não, vamos seguir a política do clube, dar oportunidades aos nossos jogadores e testar nossos limites mais uma vez. O que acho que vai acontecer é dor de crescimento. Temos uma base de jogadores experientes, vocês são inteligentes como eu e entendem isso. E temos uma base de jogadores jovens, com desejo muito grande de triunfar. Vamos nos colocar à prova.

– O maior risco que fiz da minha vida foi atravessar o Atlântico contra toda minha família e vir para cá. Pior do que isso... Os riscos agora são calculados. Se ganharmos, estamos na caminho certo. Se perder também. Vamos sofrer, vamos ter dores de crescimento. Õ clube é isso, como disse, com presente, com futuro, mas não altera uma virgula do que disse para trás. Não é porque as coisas estão boas que vamos mudar o plano. É verdade que saiu o Veron, Wesley, Jorge, Danilo, Scarpa, Kusevic, Merentiel, e parece fácil. Vamos testar os limites, os moleques. Vamos arriscar.

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