Dono de jornal de Três Lagoas publica carta aberta à senadora Soraya

Em carta aberta no Facebook, Ricardo OJeda diz que senadora 'mostrou que anda com um 'pezinho' na ditadura

| INFORMATIVOMS / MARCOEUSEBIO.COM.BR


Em carta aberta no Facebook, Ricardo OJeda diz que senadora 'mostrou que anda com um 'pezinho' na ditadura'

A ameaça da senadora e presidente estadual do PSL, Soraya Thronicke, feita em entrevista ao vivo à Rádio FM Difusora de Três Lagoas na sexta-feira de "processar todos" que divulgaram na imprensa e nas redes sociais um B.O. de violência doméstica contra o pré-candidato do partido à prefeitura de Três Lagoas, tenente-coronel Ênil de Souza, levou o dono do jornal eletrônico Perfil News da cidade, Ricardo Ojeda, a divulgar hoje uma carta aberta à senadora. "Alheia ao fato de vivermos em uma democracia, onde a imprensa é livre e fatos envolvendo agentes públicos devem se tornar de conhecimento geral, a senadora Soraya Thronicke mostrou que anda com um 'pezinho' na ditadura, onde os jornais precisavam passar por censores antes de ser publicados".

Em entrevista a uma emissora de rádio de Três Lagoas e ao Correio do Estado, a senadora ameaçou "processar todos, absolutamente todos" os que divulgassem o caso envolvendo o ex-Comandante da Polícia Militar da cidade, contra quem foi emitido um boletim de ocorrência por violência doméstica.

Ela alega que o tenente-coronel "pediu sigilo" e que é um "problema familiar" e, portanto, não deveria ser publicado. Disse ainda, que a imprensa" só divulgou o boletim de ocorrência do filho, narrando o ocorrido, que é algo mais do que normal em uma família".

Ora, Senadora! Preciso discordar da senhora em tudo. Primeiro que, apesar de ser um "problema familiar", envolve um agente público de alta patente e - mais que isso - pré-candidato a cargo público.

Segundo que não é "algo mais do que normal em uma família" quando um homem, especialmente com uma das patentes mais altas do comando e armado, esmurra o filho que tentava defender a mãe. Não é normal, Senadora. Não pode ser normal.

Não seria normal se fosse qualquer pessoa. Ainda é menos normal quando se trata de alguém com tanto treinamento, alguém que deveria saber conter as próprias emoções.

Mas o fato - embora errado – infelizmente aconteceu. Eu como amigo do coronel, penso que o certo seria ele vir a público, pedir desculpas à família e às pessoas que se decepcionaram com a sua atitude. Todo mundo erra, ainda mais sob stress. O que não pode é varrer para baixo do tapete e, além de errar, insistir no erro e tentar se passar por vítima.

Aí a Senadora, ao invés de tratar a situação com cuidado, dizer que vai aguardar a investigação, que confia no seu escolhido para a Prefeitura da cidade, não: ela joga a culpa na imprensa.

A imprensa apenas tornou público o que aconteceu, Senadora. Somos apenas o mensageiro. A senhora não pode, simplesmente, querer calar a imprensa. Não sei se alguém avisou a senhora, mas não vivemos em uma ditadura, senadora.

George Orwell já dizia que "Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade".

Acostume com isso, senadora. Uma hora a gente é pedra; mas na outra somos vidraça.



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