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Ibama multa instituto onde onça da novela Pantanal nasceu
Órgão afirma que entidade não possui capacidade técnica e estrutural para manutenção de animais com segurança
| INFORMATIVOMS / CAMPO GRANDE NEWS - LIANA FEITOSA
Desde 2016, pelo menos 72 animais morreram sob a guarda do IOP (Instituto Onça-Pintada). De acordo com relatório do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), os motivos foram negligência ou imperícia, o que resultou em multas contra entidade no valor total de R$ 452 mil, segundo reportagem veiculada pelo Metrópoles. A Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) é comandada por uma família, o casal de biólogos Anah Tereza Jácomo e Leandro Silveira, e o filho deles, Tiago Jácomo Silveira.
O instituto fica em Mineiros, cidade do interior de Minas Gerais, e ficou conhecido também por ter sido o lar da onça Matí, personagem da novela Pantanal, da TV Globo. O animal foi escolhido para participar da produção global por ser considerado dócil. Na novela, a personagem da atriz Juliana Paes se transformava em onça para se defender e proteger a filha, Juma Marruá.
Mortes - O Metrópoles afirma que o Ibama identificou que macacos, veados, pássaros, lobos e onças morreram depois de suposta displicência do instituto, que é categorizado como criadouro conservacionista. Os animais foram predados por bichos silvestres, foram envenenados, picados por serpentes ou espancados por outros animais. Dentre os 72 mortos, 52 eram de espécies ameaçadas de extinção.
Além disso, o Ibama acredita que o instituto expõe os animais para “obter vantagem pecuniária', um dos agravantes do auto de infração. Nas redes sociais do IOP existem diversos vídeos em que animais domésticos, como o cachorro da família que cuida da entidade, interagem com uma onça e tamanduás, que são animais silvestres. A relação também representa a convivência indevida de presa e predador juntos, algo criticado por biólogos. “O que pode parecer interessante ao primeiro olhar, na verdade, subverte o comportamento natural da espécie', afirma o Ibama.
Autuações - “Para a categoria de criadouro conservacionista também é vedada a exposição. No entanto, o IOP utiliza a internet como via de exposição dos animais. Nesta exposição eles demonstram animais silvestres sendo tratados como animais de estimação, juntam animais de espécies diferentes (presas com predadores) e, também, espécies silvestres com espécies domésticas. Portanto, além da exposição, esta ainda subverte a proposta de um criadouro conservacionista', completa o órgão, segundo o Metrópoles.
Diante das situações analisadas, o Ibama decidiu embargar o IOP para atividades de visitação, recebimento, destinação, alienação (a qualquer justificativa) e reprodução de espécimes até a apresentação de projetos de conservação adequados.
“O IOP não possui capacidade técnica e estrutural para manutenção de animais com segurança. Os animais ali mantidos estão sujeitos a ataques de predadores silvestres e de ratos sem que possam fugir ou se defender, pois estão presos. Também são imperitos em aproximar animais de outro de sua espécie sem fazê-lo com cautela e de forma gradual, o que culmina em morte decorrente de espancamento pelos demais. O controle de roedores é realizado de forma inadequada ou negligente, o que possibilita o acesso dos animais do plantel ao veneno e consequente morte por envenenamento', alega nota do Ibama, ainda de acordo com o Metrópoles.
O IOP - Os representantes do instituto se pronunciaram sobre as acusações. “Quem conhece a gente, sabe que isso é totalmente injusto. Fomos multados por um agente do Ibama que jamais pisou no Instituto Onça-Pintada e não conhece nossa realidade de trabalho. Quem conhece a gente, sabe da dedicação que a gente tem diuturnamente para manter esses animais que, inclusive, são encaminhados pelo próprio Ibama, pela Secretaria de Meio Ambiente e outros órgãos', afirmou Leandro Silveira.
“Queremos deixar bem claro que já recorremos, com advogados, e temos certeza que essas multas serão todas anuladas. Jamais cometemos essas irregularidades e a gente vai provar isso', completou.
A esposa dele reforçou a defesa dizendo que ambos têm mais de 30 anos de vida profissional como biólogos. “Depois que a gente criou o criadouro, há 12 anos, a nossa dedicação ficou ainda mais intensiva. O nosso criadouro está sob a tutela do Estado de Goiás e pode atestar como a gente trabalha', pontuou a bióloga. De acordo com o instituto, durante a existência do IOP, a oscip nunca havia sido multada ou autuada por irregularidades.