Paixão de pai para filho! Serrano, equipe de Petrópolis, tem doze herdeiros dos campos e dos palcos

Clube da serra fluminense conta com dez jogadores, um integrante da comissão técnica sub20 e um gestor de futebol com sobrenomes famosos nas categorias de base, que treinam no Rio

| GLOBOESPORTE.COM / RAFAEL HONóRIO E RéGIS RöSING


Serrano FC, time de Petrópolis, conta com filhos de ex-jogadores e famosos

Segundo o dicionário, herança é a "ação de herdar, de adquirir por sucessão o patrimônio, incluindo bens, direitos e dívidas". Nos gramados, o filho ou neto de um jogador ou ex-jogador famoso tem que saber lidar com esse peso da herança. São inúmeros os casos de jovens que receberam uma "pressão a mais" apenas pelo sobrenome que carregam em suas identidades: casos como de Edinho, ex-goleiro do Santos e filho de Pelé; Romarinho, ex-atacante do Vasco e filho de Romário; ou Rafinha e Thiago Alcântara, meias de PSG e Liverpool e filhos de Mazinho.

Mas um clube do Rio de Janeiro, parece gostar de apostar em sobrenomes famosos. A começar pelo atacante do sub17, Adriano Carvalho, filho de Adriano Imperador, até o gestor de futebol, Kleber Leite Filho, que é filho do ex-presidente do Flamengo, as categorias de base do Serrano, time de Petrópolis, contam com 12 pessoas que carregam essa "pressão hereditária".

- O sobrenome traz responsabilidades, mas ao mesmo tempo abre portas. Tem os dois lados, tem a responsabilidade que você precisa manter um padrão e normalmente quando são referências como ex-atletas ou treinadores a responsabilidade é alta e o 'sarrafo' é alto. Mas, ao mesmo tempo, dá oportunidades. As pessoas têm curiosidade e gostam e ver as segundas e terceiras gerações de atletas que foram famosos - lembra Kleber Leite Filho, filho do ex-presidente do Flamengo.

Na goleada contra o Barra Mansa Futebol Clube, pela Copa Rio sub17, o camisa 23 do Serrano chamava a atenção: entrando no segundo tempo da partida, ele ajudou o time de Petrópolis a vencer por 6 a 0 ao marcar duas vezes e dar dois passes para gols de companheiros. O nome Adriano Carvalho era apenas mais um na súmula da partida, mas o biotipo físico e o jeito de jogar denunciava: aquele menino era filho de Adriano Imperador. Com o olhar e o sorriso muito semelhantes ao pai, uma perna esquerda forte e habilidosa e um faro de gol que veio de berço. Ex-atacante de Boavista e Grêmio, Adrianinho - como é conhecido - tem idade pra jogar na categoria sub16, mas foi "promovido" ao time de cima. Com a referência do pai, ele quer alçar voos ainda mais altos.

- Ele não chegou a ser o melhor do mundo, mas - com certeza - se ele continuasse, ia ser o melhor. Acho que na Seleção Brasileira temos vários jogadores bons, mas acho que meu pai foi um dos melhores camisas 9 até hoje do Brasil e do mundo. Não tem comparação, ninguém chuta igual. Pra mim, ele é o melhor chute até hoje. Meu objetivo sempre foi chegar onde meu pai chegou e, se Deus quiser, eu vou conseguir um dia: com muita vontade e treinando bastante – comentou Adrianinho.

Ainda nas categorias sub12 e sub14, Gabriel e Felipe carregam o sobrenome Coimbra. Netos de Zico, os dois sabem como é conviver com essa pressão a mais. Filhos de Bruno Coimbra, ex-vocalista do grupo de pagode "Só no Sapatinho", e sobrinhos de Thiago Coimbra, ex-meia do Flamengo, Boavista e Guarani, eles já sofreram preconceito e palavras mais duras justamente por terem apenas esse sobrenome. Mas entre pai e filho nunca ouve nenhum atrito em relação ao amor.

- Sempre que eu faço gol eu aponto pra ele. Ele está comigo quando o assunto é futebol e as outras coisas também. Ele é muito presente pra mim, pro meu irmão e pra minha irmã. Te amo, pai! - se declara Felipe.

- Meu pai sempre fez questão de ensinar os valores. Nunca afrouxou essa questão de educação, de respeito. Sempre mostrou pra gente esse lado da dificuldade que é você ter o respeito das pessoas e saber lidar com isso. Principalmente a gente que já nasceu sendo filho do Zico que já era uma realidade - detalhou Bruno.

- Eu amo demais meu pai. Ele me ajudou muito, me inspirou a jogar bola: ele e o meu avô. Só que ele incentivou mais. Eu amo muito e ele é o melhor pai que eu poderia ter - disse Gabriel Coimbra.

Ao nascer, o volante João Vitor, da categoria sub16, já era destaque na televisão. É que seu pai, o ex-atacante Zé Roberto, dedicou um gol contra o Fluminense ao nascimento do primogênito. Correndo em direção ao microfone do repórter Régis Rösing, ele fez questão de dar o recado: "Esse aqui é pro João Vitor. Papai te ama". Hoje, o ex-atacante acompanha de perto o início de carreira do filho. Mas aquela homenagem é um marco na relação de pai e filho.

- Eu fui ver um tempo depois quando eu era mais novo, com oito anos. Foi de encher os olhos, foi um momento marcante na minha minha e na vida dele também - lembrou João Vitor.

O zagueiro Joel Carli vê o pequeno Valentin tentar seguir seus passos: hoje na categoria sub10, o sonho do pequeno é se tornar um zagueiro profissional. Com influência do estilo aguerrido do pai e da parte técnica de Marquinhos, zagueiro da Seleção e do PSG, Valentin sonhava em treinar no Botafogo, mas um detalhe mudou toda sua relação com o Serrano: o time de Petrópolis foi a primeira equipe profissional de Garrincha, um dos maiores ídolos alvinegros. Zagueiros em campo, os dois são menos defensivos quando o assunto é o amor de pai e filho.

- Eu senti muito orgulho, dediquei toda a minha vida, e meu filho puxar a isso. Quando uma pessoa se converte a um pai, tudo o que acontece com você passa a ser segundo plano, o primeiro plano são os filhos e você se dedica 100% pra eles - se emociona Joel Carli.

- Ele é tudo pra mim, é um pai muito bom. Ele tem bom coração, ele me abraça com todo o carinho dele, e a gente fica brincando - detalha Valentin.

Fora dos gramados, também tem pai famoso nas categorias de base do Serrano. Uma estrela do funk, MC Marcinho acompanha sempre que pode aos jogos e treinos do filho Marcio, que joga na categoria sub16. Com o sonho de ser jogador de futebol quando era mais novo, o funkeiro teve que abandonar os gramados para ajudar em casa. Hoje, consolidado e reconhecido como uma estrela da música, MC Marcinho dá conselhos ao filho.

- Pra mim é um orgulho muito grande. Torço pela carreira dele e estou sempre dando dicas: como ele deve fazer, deve se posicionar e deve jogar dentro de campo. Graças a Deus, ele me ouve - falou o pai.

Na comissão técnica da categoria sub20, Edmundo Junior é filho do ex-atacante Edmundo. O capitão da categoria sub11 é Raul, filho do ex-zagueiro Anderson Grasiani, campeão brasileiro pelo Fluminense em 2012. Na categoria sub14, João Pedro é filho do ex-zagueiro João Carlos, que foi revelado pelo Vasco e jogou muito tempo no exterior. No sub15 temos o primogênito de Hugo, ex-meia tricampeão brasileiro por São Paulo (2007 e 2008) e Corinthians (2005), o meia Juan. Já Gabriel, do sub16, é filho do técnico Oswaldo de Oliveira, enquanto Christiann é famoso pelo sobrenome Maravilha, o mesmo do pai Túlio.

- Ele é uma referência no esporte, como pai e como atleta. Ele é muito especial pra mim. Eu amo muito ele. Ele foi um jogador que me inspira muito. Ele é meu ídolo - finaliza Christiann.



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