Botafogo é a equipe que mais cede finalizações de dentro da área e a segunda que mais tenta de fora

Meia Lucas Fernandes finaliza 61,2% das vezes de fora da área e é o único jogador com 30 ou mais finalizações no Brasileirão que ainda não marcou um gol; veja rankings

| GLOBOESPORTE.COM / BRUNO IMAIZUMI*


Lucas Fernandes fez 31 finalizações, sendo 19 de fora da área no Brasileirão — Foto: Vitor Silva/Botafogo

No meio da tabela do Brasileirão, o Botafogo vem apresentando problemas ofensivos e defensivos na competição. Até a 21ª rodada, o Glorioso é a equipe que, proporcionalmente, mais cede finalizações de dentro da área e a segunda que mais finaliza de fora da área. Isso mostra a dificuldade que a equipe tem para furar defesas adversárias e a facilidade com que os oponentes tem de finalizar de locais mais próximos à trave de Gatito. Ainda, Lucas Fernandes é o único jogador que finalizou 30 ou mais vezes na competição e ainda não balançou as redes.

A tabela abaixo mostra que 61,1% das finalizações sofridas pelo Botafogo são de dentro da área, maior percentual entre as equipes. Todavia, o Botafogo é apenas a 11ª equipe que mais sofreu finalizações na competição. Em números absolutos, o Glorioso é o quinto que mais sofreu finalizações de dentro da área (165), atrás de América-MG (169), Juventude (176), Avaí (181) e Goiás (197).

Quando olhamos para o ataque, é desejável que as equipes finalizem com mais perigo (ou seja, mais próximas da trave adversária) para aumentar suas chances de marcarem gols. De 41.908 finalizações feitas de fora da área e coletadas pelo Espião Estatístico desde a edição de 2013, apenas 1.197 balançaram as redes (2,9 gols a cada 100 chutes). As chances de gol aumentam quando as equipes finalizam de dentro da grande área (11,2 gols a cada 100 chutes) e ainda mais da pequena área (35,3 gols a cada 100 chutes).

Por exemplo, na última rodada contra o Ceará, 9 de 11 finalizações do Botafogo foram de fora da área. O gol marcado por Cuesta acontece da pequena área.

A equipe de Luís Castro é a segunda que mais finaliza proporcionalmente de fora da área (52,6% das vezes), ficando atrás somente do Athletico-PR (54,6%). Em números absolutos, as equipes empatam no número de vezes que finalizam de fora da área (143 tentativas), ficando atrás de Coritiba (145), Fortaleza (150), Palmeiras (153), Bragantino (155) e Atlético-MG (168).

Mais de 10% dessas finalizações feitas de fora da área são de Lucas Fernandes (19). O meia ambidestro é o único jogador com 30 ou mais finalizações na competição que ainda não marcou. Isso porque finaliza de locais que oferecem pouco perigo na maioria das vezes ao adversário. A expectativa de gol (xG) do ex-jogador do São Paulo é a menor dos 37 jogadores da lista abaixo. O número 0,035 diz que, a cada 100 chutes feitos pelo jogador, apenas 3,5 virariam gol de acordo com mais de 88 mil finalizações já feitas em campeonatos brasileiros desde 2013.

O indicador de xG dá valores diferentes para cada finalização, de acordo com suas características, mas levando principalmente em conta a distância e o ângulo de cada uma delas (leia metodologia abaixo). Entende-se que duas finalizações nem sempre fornecem o mesmo perigo para o adversário, como por exemplo uma feita do meio de campo e uma de pênalti.

Metodologia

O indicador de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG) é uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência mais de 88 mil finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em mais de 3,5 mil jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.

As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.

Como exemplo, a cada cem finalizações da meia-lua, apenas sete viram gol. Então, considerando somente a distância do chute, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce, por outro exemplo, se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada finalização de cada equipe recebe um valor e é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

* Bruno Imaizumi é economista parceiro da equipe do Espião Estatístico, que é formada por: Felipe Tavares, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson e Valmir Storti.



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