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Nonato exalta Diniz no Fluminense: "Sempre disse o quanto a gente era grande"
Camisa 8 tricolor, volante destaca que treinador mexeu com a parte mental do elenco
| GLOBOESPORTE.COM / REDAçãO DO GE
O Fluminense ostenta invencibilidade de 13 jogos. Desde 11 de junho, quando foi derrotado em casa pelo Atlético-GO, o time acumula 10 vitórias e três empates. E uma das figuras de destaque do Tricolor é o volante Nonato, convidado do "Bem, Amigos" desta segunda-feira.
- Abel chegou, e o Fluminense vivia uma seca considerável de títulos. Ele conseguiu trazer esse campeonato, foi importante para trazer o torcedor para o estádio e retomar essa confiança. Deu aquele alívio. Claro que sempre há uma turbulência na transição, mas acho que a parte mental que o Diniz implementou na gente foi muito importante. Ele sempre retomava o assunto de quanto a gente era grande, de quanto a gente tinha que se sentir grande. Ele só precisava extrair isso, e acho que ele vem demonstrando isso através dos resultados.
O jogador destacou que Diniz trabalha muito em cima dos treinamentos e de vídeos, mas voltou a destacar o quanto dá atenção à questão da confiança dos atletas.
- É um cara que treina muito, que se dedica muito. Ele fica até de madrugada vendo jogos de outras equipes e os nossos jogos. Ele trabalha com muito vídeo e conversa. No próprio campo, ele pensa em todas as situações possíveis, estuda os adversários. Mas o trabalho mental que é feito é fundamental para puxar o melhor de cada jogador. É uma palavra de confiança. Ele fala: pode errar à vontade e diz que fui eu.
Nonato também abordou a recente aposentadoria de Fred. O camisa 8 destacou a preocupação do ex-atacante em não desconcentrar seus companheiros em meio a duas partidas cercadas de muita expectativa por festas.
- Foi uma semana que o Fred, mais do que qualquer outro ali, estava preocupado. Como era uma semana festiva para ele, ele começou a achar que poderíamos nos distrair. Um dos maiores ídolos da história do clube vai ter uma festa, e ele era um dos que mais se preocupavam com isso. Ele não queria perder isso por nós. Queria que continuássemos no mesmo foco. Foi um jogo que vai ficar marcado sempre na minha memória.
- Tivemos os jogos com Corinthians e Ceará. Foi bem entre esses dois jogos. A torcida estava eufórica, e a gente tinha que manter o pé no chão. Falando de carreira, é algo que vou contar para gerações da minha família com certeza.
Outros tópicos:
Assiste aos jogos em casa depois dos jogos?
- Assisti lá do campo, quase atrapalhei o Cano (risos).
- Não dá para ter noção total do campo. Às vezes você acha que o time foi bem no campo, depois vê o vídeo do jogo e diz: caraca, não foi isso que aconteceu. Várias vezes acontece isso.
- Às vezes você vê um comentário e não entende isso. A visão de quem vê do campo é uma, de quem vê da arquibancada é outra, de quem vê de casa é outra e dos narradores e comentaristas são outras. Já saí de jogo falando: acho que eu não estava legal. Aí o pessoal vem te parabenizar, apertar a mão e se pergunta: realmente eu fui bem? Aí chego em casa e assisto à TV para ver como foi o jogo com calma.
"Gansinho é craque"
- Gansinho é craque. Antes de trabalhar com ele, eu via a facilidade com a qual ele fazia as coisas no Santos e no São Paulo. No treino, ele faz 10 vezes mais do que nos treinamentos. Você vê o quão absurdo é o que ele faz em campo. Da mesma forma que digo que foi um prazer trabalhar com o Fred eu vou dizer que tive o prazer de trabalhar com o Ganso.
- O Diniz não fala isso. Cobra o Ganso como cobra qualquer outro. Ele corre, volta e ajuda. E o Ganso não tem essa vaidade de não correr. O próprio Cano ajuda direto na marcação e na recomposição.
Importância de Cano
- Ter um cara que faz gol de tudo quanto é jeito dá certa tranquilidade. Porque se a gente deixar a bola mais ou menos, perigo ele vai criar. Faz gol de voleio, de esquerda e direita. Quando a bola está toda errada, ele consegue acertar. Nesse gol com o Cuiabá pegou uma bola de esquerda difícil.
- Ele não é um cara muito alto, a gente geralmente dá bola mais pelo chão e à meia-altura. É de jogar no espaço curto e de finalização. É um artilheiro nato.
Treinos mais falados com Diniz em meio à forte sequência de jogos
No começo, a gente treinava muito mais do que agora. Hoje vamos nos adaptando e já sabemos onde o outro vai estar. Hoje é mais fácil para termos esse treino mais falado com um jogo em cima do outro. Não tem como fazer o tático de novo, então ele vai mais no vídeo, na conversa.
Padrão de jogo consolidado no Flu
- Repetição ajuda no processo, mas ele manter uma base acaba sendo importante, independentemente de quem esteja jogando. É para manter o padrão. Essa repetição de padrão de jogo acho que foi essencial para evoluirmos.
Puxão de orelha é necessário?
- Eu acho que precisa sim. Às vezes na beira do campo o cara tem que cobrar alguém que está longe. É complicado o cara falar "por favor". Às vezes tem que levantar a voz. No campo, ele tenta fazer mais ajustes individuais. Às vezes no vestiário ele cobra.
Estudo do mercado financeiro
- Cheguei a cursar, sim, e não terminei. Fiz três semestres de gestão financeira. Hoje é uma realidade minha. Tenho que usar, me interessei por isso. Trabalhei com muitos jogadores que usavam disso para garantir um futuro melhor. Olhava para os caras e me perguntava por que eles tinham tanto dinheiro. Esses três semestres me ajudaram bastante. E minha família sempre disse que se eu não estudasse não seria ninguém na vida. Na época era meio chato, mas hoje vejo quanto diferença faz para se ter um futuro mais tranquilo.
Biografias inspiradoras que têm lido
- Agradecer ao Martin, que era auxiliar do Inter. Estava no ônibus e vi que ele estava lendo. Fui perguntar a ele que livro era e vi o do Agassi. No outro dia, chegou com o livro do Agassi de presente. Li, achei sensacional. Vi algumas preocupações do atleta no dia a dia, você se identifica com a história. Aí pensei em outros esportistas. Li Michael Jordan, Phil Jackson e Roger Federer. Agora estou lendo o da Michelle Obama.
"Estranho no Ninho" por ter estudado o mercado financeiro e pelo gosto pela leitura?
- Não chego a me considerar dessa forma porque me dou bem com todo mundo. Aprendi a conhecer mais essa parte de fora, fui atrás, e hoje faz parte do meu dia a dia. Não posso dizer que sou expert. Há pessoas ao meu redor que me ajudam, talvez eu não teria esse interesse.
- Às vezes a gente não tem noção da nossa fala. Jogador não é tão levado a sério de certas formas, às vezes olham diferente. No dia a dia sabemos disso, que muitas pessoas olham com certo pé atrás. Mas é importante botar nossa ideia e nossa voz.
Gol contra o Corinthians como retrato desse Flu
- Esse gol é resultado do trabalho, mostra bem que a gente não rifa bola. A gente sai trabalhando de trás, atrai a marcação do Corinthians e consegue virar para o outro lado para definir. Vira o jogo para o Samuel, se eu não falar o nome dele, ele fica chateado. E o Cano faz o gol.
Fluminense briga pelo título?
- Não tenho dúvida. Vejo o potencial dos nossos jogadores para chegarem muito longe. Talvez não tenham os mesmos títulos que os jogadores de outros clubes. Mas temos Luiz Henrique, Jhon Arias, Matheus Martins, André...
- Acho que vai ser uma disputa até o final. Acho que no pelotão de cima todos têm chances. Não está uma diferença tão grande.