Fred pendurou as chuteiras como ídolo do Fluminense. Mas Atlético-MG e Cruzeiro também estão marcados na história do atacante, que trocou o alvinegro pelo celeste, em 2018, e gerou polêmica. A transferência, inclusive, ainda rende na Justiça. O contexto geral faz Fred desaconselhar os jogadores a saírem de um time diretamente para o rival.

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O atacante cita que há um desgaste muito grande com qualquer erro. Fred lembra que também sofreu com isso vestindo a camisa do Atlético-MG, saindo do Fluminense, em 2015. Os times protagonizaram a disputa do Brasileirão três anos antes, com os cariocas campeões, e o Galo vice. A declaração foi ao Podcast Podpah.

- Quando fui para o Galo, tinha rivalidade com Fluminense. Meti gol pra caramba, mas perdi um pênalti e queriam me matar. Fui para o Cruzeiro, fiz gol, mas se perdesse era culpa minha.

"Um desgaste que se eu puder falar para outros atletas: evita. Aqui (em São Paulo) são quatro grandes, em Minas são três, com maior rivalidade entre Cruzeiro e Atlético. Onde tem menos times, é pior. Você não vive."

A saída do Atlético-MG, no fim de 2017, aconteceu principalmente em função do aspecto financeiro. Fred relembra que Sérgio Sette Câmara, que assumia a presidência do clube naquele momento, comunicou que não ficaria com o atacante em função do aspecto financeiro. Havia uma negociação com o Flamengo, mas Fred disse que não quis ir em função da identificação com o Fluminense. Após a rescisão, acertou com o Cruzeiro.

- O presidente do Galo chamou meu empresário e disse: "Não queremos o Fred mais, porque está pesado (o salário)". Tirou eu, Robinho, Elias. O presidente do Galo tinha uma negociação com o Flamengo, mas eu disse que não queria ir por causa do Fluminense. Meu empresário até brincou: "Você (presidente) termina o casamento e ainda quer escolher a mulher que o cara vai casar?" Mandou embora e queria escolher o time.

"Rescindimos o contrato, depois de alguns dias veio o Cruzeiro. Fui para o Cruzeiro, mas estourei o joelho. Foi punk (a mudança), mas eu tive que ir. Como eu ia para o Flamengo, por causa da minha história no Fluminense?"

No momento da rescisão, o Atlético-MG incluiu uma cláusula que obrigava Fred a pagar R$ 10 milhões ao clube em caso de acerto com o Cruzeiro. No contrato assinado do atacante com a Raposa, o clube celeste, na gestão de Wagner Pires de Sá e Itair Machado, se comprometeu a ser responsável solidário pela dívida, em caso de cobrança do Galo. Fred relembra a situação que ainda tramita na Justiça. O valor atualizado da dívida, segundo o clube alvinegro, já ultrapassa os R$ 30 milhões.

- Tinha uma multa de R$ 10 milhões. Aí, o Cruzeiro tinha um parceiro que o Atlético devia os R$ 10 milhões, e falou: "Vamos abater a dívida". E o Atlético: "Não, eu quero o dinheiro". Maior loucura. Quando eu saí do Galo para ir pro Cruzeiro, foi loucura, pressão total.

Quis o destino que pouco mais de um ano depois da mudança entre os clubes, o Cruzeiro enfrentasse o Atlético-MG na final do Mineiro. O jogo de volta era no Independência, com 90% de torcida do Galo. Houve um pênalti decisivo para a Raposa, e Fred era o batedor. Converteu e deu o bicampeonato ao time celeste. Mas lembra que não foi um momento simples.

- Minha família toda de BH, quando fui, machuquei, disputamos o Mineiro, no último jogo contra o Atlético, no Independência. Pênalti, 43 minutos. Quem ia bater? Eu. Quem era o goleiro? Victor, pegador de pênalti e que jogou comigo na Seleção e no Galo. Falei: "Irmão, o que vou fazer da vida agora?"

"O cara ficou com dois metros e meio. Ele ainda relou a unha na bola, mas fiz o gol do título. Se eu perco, não entro em BH mais."

O restante daquele ano foi complicado para Fred e para o Cruzeiro. O time foi rebaixado à Série B do Brasileiro, e a torcida cruzeirense considera o centroavante como um dos vilões pela queda. O ex-atacante disse que tanto no Galo, quanto na Raposa, acabou sendo colocado de lado para provocar uma saída sem que os clubes arcassem com as obrigações financeiras.

- Rolou isso ai no Atlético, depois rolou no Cruzeiro, porque os caras queriam me tirar também. Não queriam cumprir o contrato. O time caiu, entrou em crise financeira. Todo mundo foi embora: eu, Thiago Neves, Dedé, Edilson, Robinho, Léo, Henrique... foi o time inteiro. Eu voltei para o Fluminense e estamos esperando resolver. São altas "paradas" na Justiça.