Brasil chega à final da Copa América correndo mais rápido e por mais tempo

Dados obtidos pelo ge mostram que ritmo da seleção aumentou ao longo da competição. As quedas de intensidade no segundo tempo diminuíram

| GLOBOESPORTE.COM / GABRIELA MOREIRA


Treino da seleção feminina antes da estreia na Copa América — Foto: Thais Magalhães/CBF

O Brasil chega à sexta partida na Copa América, a final da competição, com a tão buscada intensidade muito próxima do ideal. Dados obtidos pelo ge mostram que o ritmo do time foi aumentando ao longo do torneio, assim como a duração das ações em alta velocidade.

Outra constatação importante é sobre o ritmo entre os tempos de jogo. A análise mostra que a intensidade do time, de forma coletiva, foi oscilando menos ao longo da competição à medida que as substituições foram sendo feitas.

Ou seja, as jogadoras que entraram nas partidas foram, a cada rodada, conseguindo manter o ritmo. Essa diferença foi melhorando a cada jogo e não somente das que entraram, mas o ritmo das atletas que permaneceram o jogo inteiro também caiu menos. A importância das atletas que entram na partida é resumida por uma expressão, usada pela comissão técnica, as "Super Subs", na tradução livre, uma espécie de "super substitutas".

- O que a Pia coloca pra gente é que as jogadoras que entram precisam estar em condição de mudar o jogo. Elas precisam melhorar o ritmo, fazer melhor, explicou o fisiologista Luciano Capelli, que tem, ao lado do preparador físico Fábio Guerreiro, a responsabilidade pela preparação das atletas.

Como medir a intensidade?

São dois os índices avaliados: a distância percorrida em "alta velocidade", que é quando a atleta atinge entre 19 e 23 km/h e a quantidade de "sprints", que são os picos de corrida (acima de 23 km/h).

Analisando estes dois quesitos, pode-se verificar que rodada de estreia foi a pior em intensidade ao comparar os dois tempos de jogo. Em números brutos, o time foi de 2974 metros percorridos em alta velocidade para 2499. Traduzindo, o jogo ficou 16% mais lento nos últimos 45 minutos.

Já o melhor jogo em termos de intensidade foi a partida contra a Venezuela, a terceira da competição. A intensidade do primeiro tempo (2860 metros) foi parecida com o primeiro tempo da estreia (2974 metros). Já a diferença para o segundo tempo em relação aos 45 minutos iniciais foi bem maior. O ritmo da partida aumentou em 30%.

Nesse jogo específico, as jogadoras que entraram foram Gabi Portilho, Geyse, Duda Francelino, Luana e Fê Palermo. Visivelmente, elas ajudaram a alavancar a intensidade da partida. Mas os índices mostram que, no geral, essa evolução se comprovou em toda a equipe ao longo das rodadas.

Veja no quadro abaixo os números de cada rodada. As distâncias mostradas estão em metros e se referem às ações de "alta velocidade" (quando a atleta atinge entre 19 km/h e 23 km/h).

Aumentar (e manter em todo o jogo) a intensidade do grupo era um desafio para a comissão técnica. Dois fatores preocupavam: a inatividade de muitas atletas que jogam na Europa, cuja temporada terminou em maio, e contaminações por Covid (quatro casos ainda no Brasil e duas positivadas na Colômbia).

A dosagem de treinamentos foi fundamental para este trabalho, afirma Fábio Guerreiro:

- Quando falamos em números físicos, não podemos desassociá-los do contexto tático dos jogos. Sendo assim, pensando em América do Sul, estamos com números acima do ideal. Digo isso pois estamos com números muito próximos das seleções que estão jogando a Euro2022 tanto coletivamente quanto individualmente, avaliou Guerreiro.

Velocidade de Kerolin

Uma curiosidade nos números refere-se a meio campista Kerolin. Entre todas as jogadoras, chamou a atenção a velocidade que ela alcançou numa retomada de bola contra o Paraguai. Foram 33,1 km/h de sprint, ou pico de corrida. É um índica, segundo a comissão técnica, que não é comum nem entre mulheres, nem entre homens.

Departamento médico zerado

Para o jogo deste sábado, a grande final, Pia Sundhage terá todas as 23 atletas à disposição. Não há jogadoras lesionadas. Esse é outro ponto comemorado pela equipe e algo raro em competições intensas como essa.

Durante a competição, aconteceram duas lesões. Gio Queiroz sofreu uma pancada na panturrilha e ficou fora do time por três rodadas e Gabi Portilho sofreu um lesão na mão, mas que não a tirou das atividades.

As jogadoras têm sido monitoradas diariamente. Todas as jogadoras fazem exame de urina diariamente para avaliar a hidratação. Além disso, outros índices são monitorados como sono, alimentação, carga de treinos e acompanhamento do período menstrual.

- A carga dos treinos foi bastante priorizada. Fazemos um questionário e quem apresentou mais queixa de dor, diminuímos a carga de treino para evitar lesões. Em relação à menstruação, algumas atletas que fazem uso de anticoncepcional, teoricamente é melhor (para o departamento médico) e as que têm sintomas mais fortes tomam antinflatórios dois dias antes para prevenir os sintomas e dores, explicou o chefe do departamento médico da seleção, Nemi Sabeh Júnior.

O médico também comemora os resultados no controle da Covid durante o torneio. O Brasil teve dois casos positivados na Colômbia: Geyse, que teria contraído no Brasil, e sua companheira de quarto Tainara que pegou a doença já durante a competição (por decisão da Conmebol os quartos durante a primeira fase da competição eram duplos). Luana e Duda Francelino desfalcaram a equipe no início da competição, mas por terem contraído e positivado ainda no Brasil.

- O grande sucesso foi a Covid. Tivemos só dois casos, um deles veio do Brasil. No primeiro teste, feito no Brasil não foi detectado, mas o segundo teste, já na Colômbia, foi detectado. Essa atleta ficou em isolamento, apenas a colega do quarto apresentou a doença. Infelizmente, porque a regra do campeonato é colocar as atletas no mesmo quarto. Toda delegação foi orientada, adotamos todos os cuidados possíveis e outro fato importante é o critério epidemiológico que é feito todos os dias para que se aponte sintomas que surgirem. Ao saber de qualquer sintoma, imediatamente a gente acionava os protocolos. Isso ajudou a manter a quantidade de casos baixa.

Seleções como a do Paraguai sofreram com surtos da doença. Na semifinal contra o Brasil, por exemplo, quatro atletas foram cortadas após terem testes positivos para a doença, além do técnico, que também contraiu Covid na rodada anterior.

O jogo entre Brasil e Colômbia será às 21h, no horário de Brasília, com transmissão do SporTV. A partida é válida pela final da Copa América.



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