Esportes
Convidada de honra, Formiga irá entrar com taça da Copa América em campo: "Reconhecimento de uma luta"
Aposentada da Seleção desde dezembro de 2021, jogadora estará no estádio Alfonso López para Brasil x Colômbia, às 21h (de Brasília)
| GLOBOESPORTE.COM / CíNTIA BARLEM E GABRIELA MOREIRA
Formiga chegou a Bucaramanga nesta sexta-feira como convidada de honra da Conmebol e uma tarefa importante para a decisão da Copa América neste sábado. Aposentada da Seleção desde o final do ano passado, a jogadora irá entrar com a taça do campeão no gramado e apresenta-la ao público. Para ela, estar nesse papel à noite, no estádio Alfonso López, significa o reconhecimento de uma luta de todas as mulheres no futebol feminino.
- Fico feliz e honrada de ter essa oportunidade e espero lógico que nossas atletas sejam as premiadas. É o reconhecimento de uma luta. Toda a conquista hoje seja individual de uma atleta ou seleção isso só agrega ao futebol feminino. Notícia ou honraria que seja isso vai premiar todas as meninas pela nossa luta que a gente trava até hoje. Fico feliz de poder estar representando não só essa nova geração, mas também as pioneiras porque tantas outras poderiam ter esse privilégio de participar de uma final acho que elas podem se sentir representadas por mim. Tantas delas poderiam estar no meu lugar e merecem estar - disse Formiga em entrevista exclusiva ao ge.
"Ir com objetivo, focar no jogo e esquecer quem está lá fora"
O estádio estará cheio. Foram vendidos todos os 22 mil ingressos disponíveis. Com uma experiência de ter defendido o Brasil por 26 anos, Formiga dá a receita para as mais novas não sentirem a pressão da torcida no momento da partida. A atleta orienta as brasileiras a escutarem somente as orientações do banco e focarem no objetivo de serem campeãs.
- Esquecer quem está lá fora e focar dentro das quatro linhas. Escutar somente as instruções do banco e se unirem ali dentro. Sei que algumas por estarem participando da primeira Copa América, uma primeira final, pressão de torcida. O próprio time, elas vão usar catimba, com certeza. Disso eu não tenho dúvida. Mas tem que ir com propósito, que é ganhar. Dentro de campo e quem está fora também tem que estar o tempo todo unido. E nossa torcida é justamente quem está no banco. Todas têm que estar focadas no objetivo que é ser campeão por mais que seja difícil não escutar o que está rolando lá fora. Eu pelo menos conseguia ter essa concentração dentro de campo. Por mim não estou nem aí, mas quando fazíamos o gol era o momento que escutávamos a torcida vaiando a gente. Ir com objetivo, focar no jogo e esquecer quem está lá fora - afirmou.
Agora fora dos gramados pela Seleção, Formiga respondeu como será olhar o jogo da arquibancada e não poder estar lutando com a camisa amarela dentro de campo. Ela espera que sua presença traga sorte.
- Estou me habituando a essa situação porque tudo é novo. Em nenhum momento pensei em estar aqui. As coisas foram acontecendo muito rápido na minha vida, mas contente, pois quatro anos atrás eu estava em campo e hoje estou vivendo uma coisa nova. Espero que traga sorte para as meninas e a gente possa ganhar essa Copa América.
Brasil e Colômbia entram em campo a partir de 21h (de Brasília). Caso os 90 minutos terminem empatados, haverá prorrogação e pênaltis. A competição pela primeira vez terá uma premiação histórica: o campeão receberá 1,5 milhão de dólares e o vice 500 mil dólares. Além disso, quem assegurar o troféu irá disputar em fevereiro a Finalíssima, uma partida diante do campeão da Eurocopa, decisão que ocorrerá no domingo, às 13h (de Brasília). O SporTV transmite a final da Copa América ao vivo e o ge acompanha em tempo real.
Confira outras respostas de Formiga:
Trabalhar como auxiliar na Seleção
- Com certeza se não for como auxiliar quero na gestão. Quero estar próxima, ajudando. Não é porque eu me aposentei da seleção ou logo menos vou me aposentar do futebol que vou me afastar. Muito pelo contrário. Claro, se me der oportunidade de estar com a seleção brasileira não vou recusar o convite. Quero estar agregando com certeza.
Linda Caicedo
- Tem um futuro promissor. É uma atleta de 17 anos, mas que passa uma maturidade grande. Você vê que no jogo da semifinal ela já usando a catimba, mas ela ainda está no processo. Ainda tem muito o que crescer. Aí depende do treinador que vai treinar essa menina porque ela precisa de orientação. Vê torcida crescer, mas tem que ter a cabeça no lugar, pois ela vai ser com certeza uma das grandes jogadoras mundialmente falando. Só basta ela colocar na cabeça porque potencial ela tem. Mas tem que andar com os pés no chão porque esse é o começo. Para que tenha um futuro próximo tem que ser bem lapidada para não acabar se perdendo no meio do caminho. Muitos talentos também já surgiram, ela sabe disso e infelizmente por não ter uma estrutura uma pessoa atrás para dar direção acabou se perdendo.
Colômbia saindo para o jogo
- Sem dúvidas. Difícil encontrar seleções que joguem as onze ali atrás. A gente não consegue usar o espaço. Nada melhor do que fazer um jogo de igual para igual e aberto. Claro que cada um em sua estratégia e se por acaso elas sentirem que o Brasil está em cima, na pressão, eu tenho certeza que elas vão começar a recuar. A seleção tem que estar preparada para os dois esquemas.
O esquema de Pia Sundhage
- Acredito que ela poderia ter variações e as críticas mostram isso por conta de jogarmos só em um sistema. Fica fácil para as outras seleções terem basicamente a seleção só no 4-4-2 aí vai ser fácil marcar e ela não foge disso. E quando vai também não tem tempo para adaptar , por exemplo, no esquema que ela usou contra o Peru e até meio que surprendeu a todos. Mas acredito que isso que ela faz é justamente por não ter tempo para treinar adequadamente as meninas para se adaptarem a um novo esquema. É claro que não tem como você chegar na seleção e querer preparar umas meninas que já vêm preparadas com vícios também de clubes, infelizmente isso acontece. Sei disso porque quando eu jogava tinha essa troca. Mas seria legal ela implementar mesmo com pouco tempo alguns sistemas para que a gente não fique só nesse 4-4-2. Acredito que ela também tenta reconhecer essa parte, mas com o tempo que ela tem ela tenta ficar nesse esquema para ajudar no processo do que ela quer mais lá para frente. Se ela tivesse todas as meninas jogando no Brasil, assim como vemos fora do país, talvez esse esquema pudesse ser mudado. Mas acho que é um caminho que ela achou mais fácil para a adaptação.
Renovação na Seleção
- Não posso dizer que estamos no ideal o que a gente vem presenciando não só nos amistosos e na Copa América. Mas estamos no caminho. Claro que há muitas meninas ainda para serem observadas. A gente não pode dizer que esse elenco hoje vai ser o definitivo, mas que é uma renovação que já poderia acontecer há muitos anos, mas que está acontecendo agora. Eu vejo que se continuar esse trabalho de dar oportunidade de se ter uma estrutura para trabalhar corretamente sem atrapalhar essa evolução a gente num futuro próximo vamos colher bons frutos.
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