Papa pede desculpas no Canadá por "mal deplorável" causado por escolas

Papa Francisco pediu investigação sobre danos aos povos indígenas

| PHILIP PULLELLA E TIM JOHNSON


© Mídia do Vaticano/­Divisão de Produção Fotográfica/Divulgação via REUTERS/Direitos Reservados

O papa Francisco pediu desculpas, nesta segunda-feira (25), a todos os povos nativos do Canadá pelo papel da Igreja Católica nas escolas onde crianças indígenas eram abusadas, classificando a assimilação cultural forçada como um 'mal deplorável' e um 'erro desastroso'. 

Ao falar em um local próximo de onde ficavam duas das escolas em Maskwacis, em Alberta, Francisco foi além, pedindo desculpas pelo apoio do cristianismo em relação à 'mentalidade colonial' geral dos tempos, pedindo uma 'investigação séria' das escolas para ajudar os sobreviventes e descendentes a se curar.

'Com vergonha e de maneira inequívoca, eu suplico humildemente por perdão pelo mal cometido por tantos cristãos contra os povos indígenas', disse Francisco na cidade, cujo nome significa 'colinas do urso', na linguagem nativa do povo Cree. 

O papa de 85 anos, que ainda está usando uma cadeira de rodas e uma bengala por conta de uma fratura no joelho, está fazendo uma turnê de uma semana para pedir desculpas no Canadá para cumprir uma promessa feita a delegações indígenas que o visitaram no início do ano no Vaticano, onde fez um pedido de desculpas inicial. 

Líderes indígenas usando cocares de guerra com penas de águias saudaram o papa como um cacique, e o receberam com cantos, tambores, danças e canções de guerra. 

'Estou aqui pois o primeiro passo de minha peregrinação de penitência entre vocês é novamente o de pedir desculpas, dizendo a vocês mais uma vez que lamento profundamente', disse. 

Francisco se dirigiu aos grupos indígenas no Parque do Urso, no território Pow-Wow, parte do território ancestral dos povos Cree, Dene, Blackfoot, Saulteaux e Nakota Sioux.

'Perdão pelas maneiras em que, lamentavelmente, muitos cristãos apoiaram a mentalidade colonizadora das potências que oprimiram os povos indígenas. Eu sinto muito', disse o papa durante a reunião com os primeiros povos, povos Metis e Inuit. 

'Diante desse mal deplorável, a Igreja se ajoelha diante de Deus e implora seu perdão pelos pecados de seus filhos'. 

Entre 1881 e 1996, mais de 150 mil crianças indígenas foram separadas de suas famílias e trazidas para escolas em regime de internato. Muita das crianças passavam fome, sofriam agressões e abusos sexuais em um sistema chamado pela Comissão de Reconciliação e Verdade do Canadá como 'genocídio cultural'. 

'Eu peço perdão, especialmente, pela maneira como muitos membros da Igreja e das comunidades religiosas colaboraram, não apenas por sua indiferença, mas em projetos de destruição cultural e assimilação forçada promovida por governos daquelas épocas, que culminaram no sistema dos colégios internos', disse o papa. 



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